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24 de Abril de 2024

Por que a Folha parece estar desconstruindo o golpe que ajudou a dar?

A vida tem que continuar para a Folha. O que fazer para retirar dela a fama de golpista, direitista, desonesta?

Publicado por Carla
há 8 anos

Por que a Folha parece estar desconstruindo o golpe que ajudou a dar


Por Paulo Nogueira

Muitas pessoas estão perguntando: por que a Folha está desconstruindo o golpe que ajudou tanto a dar?

A resposta cabe numa palavra: marketing.

Para a Folha, interessou, até o afastamento de Dilma, derrubá-la. Nunca o jornal publicou um só editorial, por exemplo, para criticar o descarado partidarismo de Gilmar Mendes.

Nunca, também, o jornal moderou sua escandalosa cobertura da Lava Jato. Quantas vezes você viu o pedalinho na manchete?

Numa conversa gravada, Renan disse ter ouvido de Otávio Frias Filho a admissão de que seu jornal estava exagerando na Lava Jato. Mas um momento: se o dono achasse isso mesmo bastaria uma conversa com os editores para que o problema fosse desfeito.

Sobre que assuntos ele despachava com seus jornalistas para não tocar nesse tema de importância tão dramática para o país e, também, para a imagem de seu jornal? Meteorologia? Astrologia? Futebol? Novela?

Claramente ele aprovava o espaço desmedido dado à Lava Jato porque queria, como seus pares, desestabilizar Dilma.

Mas, uma vez feito o serviço, a vida tem que continuar para a Folha. O que fazer para retirar dela a fama de golpista, direitista, desonesta?

O primeiro passo, e fundamental, era mostrar ao público que ela, como dizia sua propaganda, não tem rabo preso com ninguém.

É a hora de publicar coisas que ela jamais quis publicar durante o tormento imposto a Dilma.

Se a Folha sabe fazer jornalismo, é uma questão para a qual cada um tem sua resposta. Pessoalmente, acho que não. Mas que é excelente em marketing, isso é indiscutível.

Os Frias sabiam que o Globo imediatamente se converteria numa máquina de conteúdo chapa branca assim que Dilma fosse retirada.

A Globo voltaria imediatamente a ser o que foi na ditadura e depois em sucessivos governos até a chegada de Lula ao poder. A corrupção sumiria do noticiário. Os problemas econômicos também. Temer seria apoiado tão radicalmente quanto Dilma foi massacrada.

Crises econômicas, na Globo, agora derivam de fatores externos. A Bolsa cai e o dólar sobe já não são mais consequências do governo. São coisas que vêm de fora.

Os Frias sabiam também o que esperar da Veja: nada. A capa desta semana, por exemplo, quando gravações de conversas quase enxotaram o governo interino, foi a pílula do câncer.

O terreno estava livre para, mais uma vez, a Folha se afirmar como o ” jornal combativo, pluralista, isento, o único que dá qualquer coisa doa a quem doer”.

Tudo isso de mentirinha, mas o que é marketing senão a mentirinha em forma de frases de efeito?

Para usar o jargão publicitário, a Folha se reposicionou prontamente. As demais empresas jornalísticas, ao aderir a Temer sem escalas e sem ressalvas, a ajudaram um bocado.

De certa forma, é um retorno a uma situação antiga. No fim da ditadura, enquanto a Globo defendia os generais que a patrocinavam e o então grande Estadão publicava receitas como forma oca de protesto, a Folha começou a pregar as diretas já.

Virou, com isso, o maior jornal do Brasil.

A opinião pública mais esclarecida carregava sob os braços exemplares da Folha. Universitários eram vistos todos os dias com sua Folha nas mãos.

Tudo isso se tornou pó quando a Folha se juntou às demais companhias de jornalismo para derrubar um governo progressista.

O jornal hoje é desprezado pelo mesmo público que o louvou no passado. O mesmo processo que pegou antes a Veja — a rejeição terminante pelos leitores mais esclarecidos — acabou depois por alcançar a Folha.

Agora é hora de tentar refazer a imagem do jornal.

É possível? Pessoalmente, creio que a melhor resposta foi dada, num artigo recente, pelo ex-ombudsman da Folha Mário Vítor Santos.

Ele notou que, assim como a Nova República se encerra com o golpe, o jornalismo tal como o conhecemos por muitos anos se degradou irremediavelmente quando as empresas passaram a fazer propaganda anti-PT.

Os leitores terão que ser muito ingênuos para acreditar nos bons propósitos desta nova velha Folha.

Credibilidade, como a virgindade, uma vez perdida, para sempre perdida.

Evoco uma frase de Wellington para fechar o artigo: quem acredita nos Frias acredita em tudo.

DCM

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52 Comentários

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Não existe nada de golpe:
se a pessoa que escreveu esse texto não for alguém que está contagiado (ª) pela praga (Dilma-PT), deve ser alguém que não sabe reconhecer e respeitar a vontade da massa maior que é a vontade do povo.
A palavra "golpe" até agora tenho visto que só os "puxa-sacos" da Dilma que usam de contínuo, pois não acham outro argumento pra pronunciar. continuar lendo

Discordo do "golpe", pois o impeachment é totalmente constitucional, apesar do "maquiavelismo" dos políticos envolvidos no processo de impeachment, isto segundo as gravações.

Agora, "respeitar a vontade da massa maior que é a vontade do povo" onde?? Temos recall?? Tivemos recall?? que saiba não existe tal mecanismo no Brasil, então a vontade do povo foi nas urnas, na eleição. continuar lendo

Perfeito seu comentário, parabéns. Acham que o povo ainda pode ser idiotizado, como se nós o povo não soubéssemos pesquisar, analisar e verificar documentos, demonstrações contábeis e provas. continuar lendo

Ah, sim...
É tudo uma conspiração. ..

Veja, Folha, Globo, e a revista "MAD"...Todos juntos no mesmo propósito...Com certeza.

Vamos agora assistir ao exercício de imaginação e criatividade que vai ser feito para justificar o fracasso do PT.

O pior não é o discurso paranóico.
O pior é a quantidade de pessoas que acreditam nele. continuar lendo

Pedro Carvalho,
O pior é a ignorância ou o cinismo de quem defende esse Golpe. continuar lendo

Pedro do que você precisa para aprender o que é senso crítico???? Ora se te dizem que a Terra é redonda , e é, você acredita porque está provado. Agora se te dizem que é GOLPE, e está provado, não há crime de responsabilidade, há uma conspiração, há uma grande mídia partidária (não deveria), os corruptos demonstraram em ÁUDIO que foi um golpe para acabar com a investigação. Depois de todas estas provas contundentes só resta o fato de que para você a terra é oval porque você quer. continuar lendo

Cristina, vou te ajudar nessa....Leia o sexto parágrafo:

http://www.nasa.gov/audience/forstudents/5-8/features/nasa-knows/what-is-earth-58.html continuar lendo

Também acho a Folha de São Paulo um jornal "volúvel", mas, se houve golpe no Brasil, este ocorreu nas eleições de 2014, onde 54 milhões de brasileiros foram "golpeados" por sucessivas mentiras propagadas na mídia, inundada com dinheiro desviado das empresas brasileiras (petrolão, eletrolão, estádios da copa e "pintura asfáltica" nas rodovias), sem considerar a questão das urnas eletrônicas que não foi devidamente esclarecida. Quanto ao Ministro Gilmar Mendes deixar transparecer a sua preferência, precisamos olhar também se na corte apenas ele tem este comportamento. A análise critica, sem partidarismo, é benéfica para o fortalecimento da democracia. Precisamos buscar o que é melhor para o Brasil. Busco a aprovação das 10 medidas propostas pela PGR, voto distrital, eleições conjuntas em todos níveis com 6 anos de mandato e sem reeleição e o fim do foro privilegiado dos políticos, exceto aqueles cometidos no exercício da função. Se possível, a unificação do TCU e a PGR. continuar lendo

Esse artigo ou é obra de petralha, ou de alguém saudoso da bandalheira dilmista. continuar lendo