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20 de Abril de 2024

Ombudsman do Le Monde diz que jornal foi parcial ao dizer não haver golpe de Estado no Brasil

Jornalista critica publicação por não lembrar que líderes pró-impeachment são acusados de corrupção e não registrar a falta de pluralidade da mídia brasileira

Publicado por Carla
há 8 anos

O articulista Franck Nouchi, que assina a coluna Médiateur do jornal francês Le Monde e que trata da relação entre os leitores e o periódico, semelhante ao posto de ombudsman mos jornais brasileiros, publicou neste sábado (23/04) um artigo em que analisa a cobertura que o periódico vem fazendo da crise política brasileira.

Para ele, o jornal errou, sim, na avaliação que fez da situação política brasileira, sobretudo no editorial "Brésil: ceci n’est pas un coup d’Etat" (Brasil: isto não é um golpe de Estado, em tradução livre), publicado no dia 31 de março de 2016.

O artigo de Nouchi começa se perguntando se o jornal "tratou de maneira equivocada a crise política que atravessa atualmente o Brasil" e diz que foram numerosos os leitores, franceses e brasileiros, que avaliaram que sim. "Ao mesmo tempo, é verdade, outros leitores, menos numerosos, avaliaram que nós defendemos cegamente as posições do Partido dos Trabalhadores".

Em seguida, cita a correspondência de quatro leitoras brasileiras que vivem em Paris, Stella Bierrenbach, Simone Esmanhotto, Helena Romanach e Adriana Silva, que, numa carta bastante argumentada, questiona: "Le Monde tem razões para escolher a parcialidade ao abordar a crise política brasileira? Há algum motivo para o Le Monde escolher não questionar nem abordar outros ângulos e não ouvir as vozes em contraponto ao coral monocórdico da mídia brasileira?".

Uma outra carta, aponta a misoginia, o desrespeito e o escárnio que jornal francês reproduz em seus textos em relação à presidente Dilma Rousseff e ao ex-mandatário Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto não se questiona por que personalidades como "Caetano Veloso, Gilberto Gil, Leonardo Boff e Luiz Carlos Barreto se engajam na defesa da continuidade democrática".

Um leitor parisiense, Christian Colas, felicita o Le Monde por ter lembrado que os políticos responsáveis pela tentativa de afastar Dilma "são acusados de malversações diversas e de fraudes fiscais bem piores do que as que são direcionadas à presidente".

Nouchi diz que, após reler os artigos do jornal e discuti-los com a direção e com a correspondente em São Paulo, Claire Gatinois, concluiu que a manchete "Dilma Rousseff numa tormenta, o Brasil em crise" e o editorial do dia 19 de abril que a acompanha estão equilibrados. Porém, para ele, o editorial "Brasil: isto não é um golpe de Estado", do dia 31/3, não é suficientemente equilibrado. Para ele, o editorial não lembra justamente que Eduardo Cunha e outras lideranças pró-impeachment estão implicadas em diversas acusações de corrupção e, além disso, o texto não registra suficientemente a falta de pluralidade da mídia brasileira.

O texto cita ainda um trecho do livro "Brasil - país do futuro" (1941), de Stefan Zweig, e conclui dizendo que o "país de adoção de Zweig, um autor muito lido na França, ainda não está livre do"fantasma de um retorno ao passado".

operamundi

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