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18 de Abril de 2024

Data Popular: brasileiro médio não entende narrativa do golpe

As manifestações que tomam as ruas nos dois lados da disputa política – a favor ou contra o impeachment – apesar de serem significativas não correspondem a visão da população geral sobre o momento político.

Publicado por Carla
há 8 anos

Data Popular brasileiro mdio no entende narrativa do golpe

Por Lilian Milena

Jornal GGN - Enquanto aumenta o número de matérias no exterior com denúncias sobre o golpe em curso no Brasil, parcela significativa do brasileiro médio não compreende a crise política e, menos ainda, a narrativa do golpe.

Segundo levantamento realizado pelo Instituto Data Popular, para ¾ da população – sobretudo das camadas C e D – o atual embate é fruto de uma briga de poderes das elites.

Em entrevista ao programa Brasilianas. Org, o presidente do instituto, Renato Meirelles, destacou que “a narrativa do golpe é algo que fala muito bem para os formadores de opinião e tem um certo apelo na intelectualidade, mas fala muito pouco pra dona Maria e pro seu João”.

Portanto, as manifestações que tomam as ruas nos dois lados da disputa política – a favor ou contra o impeachment – apesar de serem significativas não correspondem a visão da população geral sobre o momento político. Ainda, segundo pesquisa do Data Popular realizada no início do ano, para 71% dos brasileiros os políticos opositores ao governo Dilma agem por interesses próprios.

“Quando a população foi perguntada se os políticos envolvidos na discussão do impeachment querem a saída de Dilma para melhorar a vida das pessoas ou para tomar o lugar da presidente, a resposta para ¾ dos entrevistados foi para tomar o lugar de Dilma”, acrescentou.

“Se pegarmos o perfil dos manifestantes pró e contra o governo nas passeatas todas, veremos que é um perfil claramente mais rico que a média da população brasileira”, completou o pesquisador, destacando em seguida que entre os grupos a favor da saída de Dilma há um conjunto maior de empresários, já nos grupos pró governo, uma classe formada por funcionários públicos, professores e intelectuais.

Um levantamento feito por outro instituto, o Datafolha, confirma as ponderações de Meirelles, revelando que o perfil escolar dos manifestantes dos grupos contra e a favor do impeachment é praticamente homogêneo. Segundo a pesquisa, que comparou o público do dia 13 de março (pró impeachment) com o público do dia 18 de março (a favor de Dilma), 77% dos manifestantes contra o governo disseram ter nível superior de escolaridade, e 78% dos manifestantes contra o impeachment também. Dos dois lados, 18% afirmaram ter o ensino médio completo, e 4% e 5%, respectivamente, o ensino fundamental.

A média educacional dos manifestantes é significativamente distinta da média educacional do país. Dados do IBGE de 2015 apontam que apenas 14% dos brasileiros tem formação universitária e 36% ensino médio completo ou incompleto.

Data Popular brasileiro mdio no entende narrativa do golpe

Renato Meirelles: presidente do Data Popular.

Ponte para o quê?

Não saber dialogar com o eleitorado é um grande problema para o governo e explica porque não conseguiu mais adesão às manifestações contra o impeachment e, com isso, fazer pressão sobre o Congresso para evitar a aprovação do processo. A classe C compõe 54% do eleitorado.

Mas Meirelles analisa que a perda de capacidade de diálogo com a população se estende a classe política como um todo. “É como se os políticos fossem analógicos para o novo eleitorado que é digital, que quer se sentir participante”.

O presidente do Data Popular ressalta que a população média desconhece o plano de governo desenhado pelo vice-presidente, e um dos articuladores do impeachment, Michel Temer, chamado Uma Ponte para o Futuro, com propostas de baixíssima popularidade como a desobrigação do empregador pagar o salário mínimo para o funcionário (desindexação do salário mínimo), e a possível redução de investimentos em saúde e educação.

O erro dos governistas, portanto, foi não abrir essa discussão de forma clara e participativa para as classes C e D aderirem a mensagem que queriam passar.

“A narrativa do golpe, por mais justa que o governo considere que seja feita, sem absolutamente entrar no mérito se é ou não golpe, é uma narrativa que fala pra muito menos gente do que uma discussão de projeto de país, e esse projeto de país que elegeu o presidente Lula duas vezes e elegeu e reelegeu Dilma”, pontua Meirelles.

Data Popular brasileiro mdio no entende narrativa do golpe

Queremos estado mínimo? Nada disso.

O presidente do Data Popular aponta que a maior insatisfação hoje para o brasileiro é a economia ruim. A população deseja um Estado que, “claramente, faz parte do dia a dia e promove condições para que o brasileiro tenha oportunidades que não teria sem a presença do Estado”.

A visão das classes C e D sobre o ideal de Estado é contrária às visões idealizadas pelas camadas políticas que disputam o poder, ou seja, de um lado a defesa do Estado mínimo, “dirigido por um CEO, e não por um presidente”, ironiza Meirelles, e de outro lado a defesa de um Estado robusto, com peso sobre a economia.

Conceitualmente, o nome do tipo de Estado que a população geral deseja é Estado Vigoroso. “É um Estado que oferece sim vagas nas universidades, mas que pode ser feito como é feito o Prouni, através da iniciativa privada operando as vagas que são dadas”, explica.

“O brasileiro gostaria muito que existisse um código de defesa do cidadão, nos moldes em que existe o código de defesa do consumidor. Por exemplo, hoje quando passa três horas numa fila de banco ele sabe para quem reclamar, mas quando passa três horas esperando na fila do SUS não sabe para quem ligar reclamando”, completa.

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64 Comentários

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Não querem um Estado mínimo? Tudo bem. Imposto de renda subindo para 100% para custear o que você quer e o que não quer também. Fechado? Cuba está aí para mostrar como é bom um Estado bem presente na vida do cidadão. continuar lendo

Imposto de Renda só sobe para taxar os ricos, aqueles que podem pagar mais para manter as politicas sociais, Eduardo R.
É por essas razoes que vocês estao desesperados.
A proposta de vocês, golpistas, já conhecemos. O seu Meirelles não deu um pio sobre a taxacao de fortunas herdadas. continuar lendo

Pergunta: quando os ricos resolverem sair do país, como ficarão os pobres?

Sim claro Carla, porque é tirando dos ricos e dando aos pobres que vamos construir uma sociedade melhor. É fazendo do rico um pobre que vamos transformar todos em iguais, pobres mas iguais ao invés de tentar fazer os pobres ficarem ricos.

Quando você estudar um pouco de economia vai entender que para ficar rico é preciso que haja consumo, se a população ficar pobre não vai haver meios do empresário ficar rico. Logo, o que você diz de rico não gostar de pobre é uma contradição econômica. continuar lendo

Eduardo R, concordo com a/o Carla... Meireles, em 13 dias de empossado ministro, calou-se sobre a taxação das grandes fortunas e dos astronômicos lucros bancários... lula e dilma, paradigmas do governo social, voltado para os pobre e desamparados, estavam estudando o assunto nos ÚLTIMOS TREZE ANOS !!! E essa/esse Carla quer ter credibililidade... quá quá quá continuar lendo

Carla

E quem disse que uns tem que ser mais tributados para manter benefícios de outros?

O seu argumento é todo pautado em emoção e sem nenhuma lógica econômica (como é de praxe da esquerda "progressista")

Taxa-se os mais ricos, tem-se fuga de capital, o que desacelera e economia, causa desemprego e todos saem perdendo, pare e pense um pouquinho na consequência dessa "justiça social" ao invés de sair repetindo a narrativa falaciosa de golpe aos 4 cantos. continuar lendo

Qdo os Ricos saírem do país, os pobre terão a sua verdadeira liberdade, sem as amarras da (semi) escravidão... continuar lendo

Sim, claro Willon, fico apenas me perguntando o que os amarra hoje em dia. O que mantém pobres amarrado hoje em dia? Até onde sei, NINGUÉM é obrigado a trabalhar ou consumir, qualquer um pode viver do que produzir. Sem dar dinheiro a ninguém. continuar lendo

Eduardo R, rico não gosta de pobre, gosta do pouco de dinheiro que o pobre tem, mas do pobre ele não quer saber. Ex.: Uma amiga que mora em um bairro nobre de Brasília estava conversando com um amigo que estava muito irritado com o Lula, pois por causa do Lula ele teve que pegar o maior engarrafamento e graças ao Lula os pobres estavam com carro, nas palavras dele: "Pobre tem que andar de ônibus". Esse é o pensamento egoísta e pequeno da maioria dos ricos do nosso país. continuar lendo

O brasileiro quer oportunidades ou um Estado intervencionista? Com todo respeito, não é possível ter as duas coisas. Em um Estado sem liberdade não existe oportunidade, todos têm, basicamente, as mesmas possibilidades de prosperar, dependendo do Sr. Estado, que "tudo pode, tudo faz".
Para não me alongar, somente a título de exemplo, há, entre muitos outros, dois extremos para o Estadismo e o Liberalismo: Cuba e EUA. Qual dos dois fornece oportunidades? continuar lendo

Prosperar pra onde, porquê e a q preço? continuar lendo

É pão pão, queijo queijo, é? Londres é a capital do mundo. E lá são as duas coisas. A elite mais rica do mundo e a garantia ao cidadão de que a ele não lhe faltará o básico. E é o berço do liberalismo. Oportunidade é palavra muito vaga. Oportunidade de atropelar, de explorar de usufruir sozinho do que é de todos? Cuba e Estados Unidos? Oportunidade de que? Se for oportunidade de ter serviço básico de saúde, Cuba era melhor e só agora o Obama criou a oportunidade do cidadão americano de baixa renda ter direito à saúde básica e não se sabe se isso vai durar. E as oportunidades de estudo nos dois países, como será? Agora os Estados Unidos passam por uma crise de emprego em que o cidadão médio não tem educação suficiente para buscar empregos em empresas de alta tecnologia, que são o forte dos americanos. Ao invés de comparar Cuba e Estados Unidos, que tal comparar Estados Unidos e Alemanha, ou Estados Unidos e Inglaterra, ou qualquer outro país onde haja justiça social (França, Suíça, Suécia, Noruega, Dinamarca). Esse debate Estadismo, Liberalismo já saiu de moda há muito tempo, porque os conceitos mudaram e não tem mais pão pão queijo queijo. Todo mundo quer queijo e ninguém quer oportunistas. As ciências humanas, inclusive a ciência política já esgotaram os debates infrutíferos sobre o liberalismo selvagem e o Estado totalitário. Hoje se sabe que deve haver liberdade de empreender e ao mesmo tempo deve haver um Estado que não permita a selvageria do mercado e que garanta à sociedade que haverá justiça. Justiça aí significa que ao trabalho será dado o devido valor, impedindo que os oportunistas fiquem com a grana que é gerada no país e pelos seus cidadãos. O que me faz rir é que todo aquele que fala em "estado mínimo" também defenda que haja mais polícia. Isso é o liberalismo selvagem do século 19: poucos ricos, uma massa de famintos e muita polícia para conter as hordas. Na Europa chegaram à conclusão de que isso faz mal a todo mundo. O rico não dorme direito, com medo; os pobres podem se rebelar e o Estado gasta muito com polícia. No século 19 funcionava bem, mas hoje o país fica mais pobre, produz menos, porque os cidadãos não tem nível de educação compatível com o progresso tecnológico de hoje. Esse é o Brasil: o país que perdeu muitos bondes ao longo de sua história, conseguiu pegar um avião nos últimos anos e, ao que tudo indica, deve voltar a andar de carroça. O brasileiro começou a estudar um pouquinho, mas ainda está perdido na política do século 19. Até que chegue aos conceitos e idéias do século 21, quanto ainda vamos sofrer? continuar lendo

Oportunidades pra que? Comparar uma ilha (um coelho) com país continental (um elefante) não me pareceu muito racional.Principalmente por ser economias diferentes e valores culturais diferentes.E mais:os debates presidenciais nos campos do Tio Sam deixou transparecer uma realidade que a mídia brasileira dificilmente mostra ou mostraria: existem lá QUATRO POPULAÇÕES DE CUBA abaixo da linha da pobreza.Oportunidades pra que mesmo? continuar lendo

Ledo engano, Edna. Países como a Suíça só alcançaram a prosperidade através do livre mercado. Após isso, começou um certo intervencionismo e, consequentemente, a economia desses países passou a despencar no Ranking do crescimento mundial. continuar lendo

A maioria querem ser como nos EUA. Mas nenhum político propõe leis como as de lá, onde quem frauda, corrompe, rouba ou mata, é REALMENTE punido. Já por aqui, sonham com os EUA, mas não querem mudar suas obrigações, só pensam em seus direitos! Aqui para um empresa prosperar, basta arrumar um político "influente" amigo. Lá, nos EUA, vai ter que concorrer no mercado, sem renúncia fiscal, sem empréstimos subsidiado, sem padrinho Político pra passar a mão na cabeça!!! continuar lendo

Perfeito o comentário da Edsa Mello. continuar lendo

As classes mais baixas da população, notoriamente, sequer entendem o que o noticiário diz, mesmo que assistam algum.
Não é nada difícil procurar por exemplo no YouTube sobre entrevistas feitas no centro de grandes capitais (onde a informação chega até a quem não quer) que mostram o grau de conhecimento da população mais humilde: ZERO.

Há entrevistas recentes, por exemplo, que perguntam o que significa "Constituição". Apenas dois em cada dez foram capazes de dizer, mais ou menos, o que é.
Essa população não faz a menor ideia do que foram as pedaladas fiscais, mensalão, petrolão, etc.

O PT sabe disso. Sempre tirou proveito dessa ignorância e continua fazendo o mesmo discurso para atrair os ignorantes. continuar lendo

O PT e todas as demais siglas, convenhamos. continuar lendo

Sim, Rayan Biava.

Entretanto o PT foi e é o partido que usa desse artifício com mais amplitude e força.
Muito, é claro, por conta da empatia natural dessas pessoas com a figura do Lula. O povo "se vê" em alguém que fala "cumpanheros, o pobrema é o seguinte...". continuar lendo

Sim, é muito mais correto falar palavras bonitas, ainda que a maioria da população continue não entendendo. Sinceramente esse ódio ao PT já cruzou o limite do tolerável, todos os governos sempre tiraram proveito da ignorância do povo, inclusive de pessoas como você (se é que é uma pessoa real) que compra a briga das oligarquias, faz o trabalho por eles acreditando que é para um bem maior. A estatística apresentada na pesquisa deixa claro que ambos os lados possuem o mesmo nível educacional, assim como torcedores de times diferentes podem possuir o mesmo conhecimento de futebol, a diferença é que cada um defende aquilo que acredita ser certo e teme que o lado oposto convença essa camada que não consegue compreender a situação e que por isso não vai às ruas. Ódio ou devoção a um partido é fruto de manipulação, ou seja, mesma moeda. continuar lendo

“Quando a população foi perguntada se os políticos envolvidos na discussão do impeachment querem a saída de Dilma para melhorar a vida das pessoas ou para tomar o lugar da presidente, a resposta para ¾ dos entrevistados foi para tomar o lugar de Dilma”,
Por enquanto, foi isso que aconteceu. Oportunismo e traição facilitados pela péssima administração petista.
Mas o que a população pediu nos movimentos de rua foi o fim da corrupção e aí, Dilma, Lula e PT somam apenas uma parte dos problemas a serem resolvidos.
Uma outra está aí no poder e outras aguardam na fila. continuar lendo

E outra questão: quem é o PT para falar de fidelidade traições? continuar lendo

PT falando de fidelidade? Logo o partido que NUNCA reconheceu nada além do próprio governo achando que o passado era tudo ruim e no dia seguinte à eleição de Lula virou tudo maravilhoso? Sério mesmo? continuar lendo