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16 de Abril de 2024

Fim da impunidade? O japonês da federal preso… 13 anos depois. Por corrupção

Ishii chegou a responder dois Processos Administrativos Disciplinares (PAD) e em ambos houve a decisão da sua expulsão, mas os dois foram anulados por falhas processuais, o que lhe permitirá cumprir a pena por corrupção recebendo os vendimentos de agente aposentado.

Publicado por Carla
há 8 anos

Fim da impunidade O japons da federal preso 13 anos depois Por corrupo

Por Marcelo Auler

Treze anos depois de ser preso na Operação Sucuri – uma das primeiras das grandes operações introduzidas na Polícia Federal a partir da posse do delegado Paulo Lacerda na diretoria-geral do DPF – e sete depois de receber a primeira sentença, o agente de polícia federal Newton Hidenori Ishii, popularmente conhecido como “o Japonês da federal” de tanto aparecer como papagaio de pirata em fotografias e filmes conduzindo presos da Operação Lava Jato, foi preso na terça-feira (06/06/2016). A notícia foi dada agora pela manhã pelo Tijolaço: Sensacional: Polícia Federal prendeu “Japonês da Federal”

Ele deverá cumprir quatro anos, dois meses e 21 dias de reclusão, dos quais serão descontados os quatro meses em que permaneceu em prisão preventiva no início da Operação.

Ishii, das vezes em que conversou com este blog, alegava que sua condenação tinha sido transformada em pena alternativa, com prestação de serviços à comunidade. Mas, pelo jeito, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) não admitiu isto. No último dia 30/05 (segunda-feira), o relator do recurso Especial 1460327, ministro Félix Fischer, exarou despacho nos autos cobrando: “Solicitem-se informações acerca do cumprimento do determinado na decisão de fls. 10.128/10.135“.

O despacho foi publicado sexta-feira (03/06) e o Japonês Bonzinho, como ele foi definido nos diálogos gravados entre o ex-senador Delcídio do Amaral e Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró, acabou preso na terça-feira. Está na custódia da Superintendência da Polícia Federal do Paraná (SR/DPF/PR) mesmo local onde acompanhou incontáveis presos da Operação Lava Jato, conquistando fama com isto. No último carnaval seu rosto tornou-se máscara e ele foi citado até em marchas.

A impunidade de Newton Ishii foi ressaltada aqui neste blog em 22 de fevereiro passado na reportagem Newton Ishii, o “japonês da federal”, 13 anos de impunidade. Três dias depois, em decisão monocrática, o ministro Fischer deu sua decisão, recusando o Recurso Especial que estava em alguma prateleira do seu gabinete desde abril de 2015 para ser decidido.

Ao visitar o Congresso, o sucesso lhe permitiu ingressar no plenário e fazer sefies com deputados, como se fosse o símbolo do combate à corrupção. Agora está preso. Bolsonaro o visitará?

Como lembramos na reportagem STJ mantém condenação e aposentadoria do “japonês da federal”, Ishii foi condenado junto com Ocimar Alves de Moura e Marcos de Oliveira Miranda. Os dois últimos tiveram a perda do cargo confirmada, enquanto o japonês livrou-se da demissão por ter pedido aposentadoria antes da primeira sentença. Ishii chegou a responder dois Processos Administrativos Disciplinares (PAD) e em ambos houve a decisão da sua expulsão, mas os dois foram anulados por falhas processuais, o que lhe permitirá cumprir a pena por corrupção recebendo os vendimentos de agente aposentado.

Sua primeira sentença foi assinada em 30 de abril de 2009, pelo juiz da 1ª Vara Criminal Federal de Foz de Iguaçu, Pedro Carvalho Aguirre Filho e até hoje, inexplicavelmente, vem sendo mantido em segredo de Justiça enquanto no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (que reduziu a pena) e no STJ, o andamento dos processos e as decisões são públicas. Na mesma ação penal, o policial federal Rogério Fleury Watanabe foi absolvido por falta de prova.

O curioso é que de tanto aparecer nas fotos, Ishii tornou-se um símbolo do combate à corrupção, embora àquela época já estivesse condenado por corrupção. Esta contradição foi apontada aqui no blog na reportagem A contradição de combater a corrupção e poupar criminosos. Nela, mostramos o endeusamento ao japonês, inclusive dentro do Congresso Nacional quando deputados como Jair Bolsonaro, que se mostra combatente da corrupção

Em páginas do Face book colocadas por admiradores da Lava Jato, ele apareceu ao lado do juiz Sérgio Moro e dos procurador da República Deltan Dallagnol, como membro do trio que estaria erradicando a corrupção do país, como mostramos aqui em 9 de fevereiro – Delegados da PF sobre o japonês: “vexatório, tragédia, patético”

Na época, ele já estava condenado em segunda instância, pois o Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmara a sentença do juiz da Vara Federal Criminal de Foz do Iguaçu.

Na reportagem dizíamos:

“O fato de um agente condenado por corrupção, cuja expulsão do DPF foi revertida por uma questão técnica e não pela prova de sua inocência, tornar-se o rosto dos federais nas operações gerou desconforto interno entre seus colegas".

De tanto aparecer nas fotos das 22 fases da Operação Lava Jato escoltando presos, Newton Hidenori Ishii, 60 anos, virou o retrato do Departamento de Polícia Federal (DPF) na Operação Lava Jato para a população. Mais curioso ainda é a propaganda que aparece no Face book relacionando o Ministério Público Federal e o juiz Sérgio Moro (acima) com a campanha do abaixo-assinado para propor ao Congresso um projeto de iniciativa popular com mudanças nas leis de combate à corrupção.”

Entre os policiais federais as críticas circulavam no Face book, como a colocada por um delegado federal responsabilizando a Comunicação Social do DPF por ter permitido esta confusão na imagem da instituição. Como mostramos à época, foram diversas as críticas ao fato de Ishii aparecer como a “representação” da Polícia Federal na Força Tarefa da Lava jato, à qual ele jamais pertenceu.

É simplesmente vexatório deixarem esse japonês (…) virar um rosto da PF em um momento tão importante”, reclamou um delegado federal na página da categoria no Face book.

Provavelmente para evitar o constrangimento de ser fotografado sendo conduzido para a custódia, Ishii apresentou-se à Polícia na manhã de terça-feira. Agora, o japonês, que com a ajuda da mídia transformou-se em um dos símbolos da Lava Jato, está recolhido atrás das grades.

(*) Matéria reeditada às 18:24H para corrigir o erro no texto original no horário de apresentação do agente Ishii à Superintendência da Polícia Federal. Segundo Nota da Federação Nacional dos Policiais Federais, foi às 11:00H e não à noite como afirmamos. Pedimos desculpas pelo erro cometido ao agente e aos leitores.

Também retirei o verbo “foi” do título, como sugeriu a colega Beatriz Coelho Silva em um comentário no Face. Já que ele se apresentou, não se pode dizer que foi preso, embora houvesse ordem para isso. Agradeço à Beatriz.

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5 Comentários

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Esta é mais uma face da farsa da Polícia Federal, este sr. que pousava de herói em combate à corrupção é um dos que não tem nenhuma moral para isto. Já que estava há muito tempo comprometido em facilitar contrabando, etc. Este Teatro não colou, e aí o japonês caiu. É vergonhoso que queiram impor à população por meio da mídia comprometida com os golpistas estas mentiras. E assim vai caindo as máscaras desses canalhas e covardes do (des) governo do temerário Temer. Como diz o ditado: "O mal por si se destrói". Fora com Temer e seus ladrões!!!! continuar lendo

FOI? ... se apresentou e ficou livre ou .... FOI preso? continuar lendo

Esse senhor Ishii conseguiu a proeza de inverter a marca d'água de São Paulo. O non ducor duco com ele virou non duco ductor, ou seja, não conduzo, sou conduzido. continuar lendo