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26 de Abril de 2024

Cerveja: o transgênico que você bebe?

Acontece que, em 2012, pesquisadores brasileiros ganharam o mundo com a publicação de um artigo científico no Journal of Food Composition and Analysis, indicando que as cervejas mais vendidas por aqui, ao invés de malte de cevada, são feitas de milho.

Publicado por Carla
há 8 anos

Cerveja o transgnico que voc bebe Sem informar consumidores, Ambev, Itaipava, Kaiser e outras marcas trocam cevada pelo milho e podem estar levando à ingestão inconsciente de OGMs

Por Flavio Siqueira Júnior* e Ana Paula Bortoletto*

Vamos falar sobre cerveja. Vamos falar sobre o Brasil, que é o 3º maior produtor de cerveja do mundo, com 86,7 bilhões de litros vendidos ao ano e que transformou um simples ato de consumo num ritual presente nos corações e mentes de quem quer deixar os problemas de lado ou, simplesmente, socializar.

Não se sabe muito bem onde a cerveja surgiu, mas sua cultura remete a povos antigos. Até mesmo Platão já criou uma máxima, enquanto degustava uma cerveja nos arredores do Partenon quando disse: “era um homem sábio aquele que inventou a cerveja”.

E o que mudou de lá pra cá? Jesus Cristo, grandes navegações, revolução industrial, segunda guerra mundial, expansão do capitalismo… Muita coisa aconteceu e as mudanças foram vistas em todo lugar, inclusive dentro do copo. Hoje a cerveja é muito diferente daquela imaginada pelo duque Guilherme VI, que em 1516, antecipando uma calamidade pública, decretou na Bavieira que cerveja era somente, e tão somente, água, malte e lúpulo.

Acontece que em 2012, pesquisadores brasileiros ganharam o mundo com a publicação de um artigo científico no Journal of Food Composition and Analysis, indicando que as cervejas mais vendidas por aqui, ao invés de malte de cevada, são feitas de milho.

Antarctica, Bohemia, Brahma, Itaipava, Kaiser, Skol e todas aquelas em que consta como ingrediente “cereais não maltados”, não são tão puras como as da Baviera, mas estão de acordo com a legislação brasileira, que permite a substituição de até 45% do malte de cevada por outra fonte de carboidratos mais barata.

Agora pense na quantidade de cerveja que você já tomou e na quantidade de milho que ela continha, principalmente a partir de 16 de maio de 2007.

Foi nessa data que a CNTBio inaugurou a liberação da comercialização do milho transgênico no Brasil. Hoje já temos 18 espécies desses milhos mutantes produzidos por Monsanto, Syngenta, Basf, Bayer, Dow Agrosciences e Dupont, cujo faturamento somado é maior que o PIB de países como Chile, Portugal e Irlanda.

Tudo bem, mas e daí?

E daí que ainda não há estudos que assegurem que esse milho criado em laboratório seja saudável para o consumo humano e para o equilíbrio do meio ambiente. Aliás, no ano passado um grupo de cientistas independentes liderados pelo professor de biologia molecular da Universidade de Caen, Gilles-Éric Séralini, balançou os lobistas dessas multinacionais com o teste do milho transgênico NK603 em ratos: se fossem alimentados com esse milho em um período maior que três meses, tumores cancerígenos horrendos surgiam rapidamente nas pobres cobaias. O pior é que o poder dessas multinacionais é tão grande, que o estudo foi desclassificado pela editora da revista por pressões de um novo diretor editorial, que tinha a Monsanto como seu empregador anterior.

Além disso, há um movimento mundial contra os transgênicos e o Brasil é um de seus maiores alvos. Não é para menos, nós somos o segundo maior produtor de transgênicos do mundo, mais da metade do território brasileiro destinado à agricultura é ocupada por essa controversa tecnologia. Na safra de 2013 do total de milho produzido no país, 89,9% era transgênico. (Todos esses dados são divulgados pelas próprias empresas para mostrar como o seu negócio está crescendo)

Enquanto isso as cervejarias vão “adequando seu produto ao paladar do brasileiro” pedindo para bebermos a cerveja somente quando um desenho impresso na latinha estiver colorido, disfarçando a baixa qualidade que, segundo elas, nós exigimos. O que seria isso se não adaptar o nosso paladar à presença crescente do milho?

Da próxima vez que você tomar uma cervejinha e passar o dia seguinte reinando no banheiro, já tem mais uma justificativa: “foi o milho”.

Dá um frio na barriga, não? Pois então tente questionar a Ambev, quem sabe eles não estão usando os 10,1% de milho não transgênico? O atendimento do SAC pode ser mais atencioso do que a informação do rótulo, que se resume a dizer: “ingredientes: água, cereais não maltados, lúpulo e antioxidante INS 316.”

Vai uma, bem gelada?

Ana Paula Bortoletto é nutricionista e doutora em Nutrição em Saúde Pública

Flavio Siqueira Júnior é advogado e ativista de direitos humanos.

Publicado originalmente no Outras Palavras.

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29 Comentários

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Primeiro. Esta notícia já foi dada em muitos sites, há muito tempo.
Em segundo lugar, até o texto é copiado e colado, sem um grama de comentário ou informação nova.
Em terceiro lugar, a lei brasileira (e muitas outras) permite a adição de cereais não maltados à cerveja. O milho é o mais barato. Podia ser arroz ou outro grão qualquer. Não há crime nisso e o rótulo da cerveja indica que há cereais não maltados nela. O brasileiro gosta do sabor e nossas cervejas e a prova é que as estrangeiras nunca emplacaram aqui.
Em quarto lugar, todas as variedades de milho transgênicos passaram por uma rigorosa avaliação de risco aqui, como em todos os outros lugares do Mundo onde foram aprovadas. A conclusão foi idêntica: não apresentam riscos à saúde ou ao ambiente. Recentemente as Academias de Ciências Americanas publicaram um longo relatório mostrando que nenhum transgênico no mercado apresenta risco à saúde. O relatório só comprova o que dezenas de outros já afirmaram antes.
Em conclusão: a postagem acima era e continua sendo um protesto ideológico contra os transgênicos, sem base na lei ou na ciência. Se a cerveja precisa de um rótulo, segundo a nossa lei, isso sim, pode ser uma crítica: precisa. Mas a lei de rotulagem é muito “viajada”, sem base em ciência, desigual no tratamento das várias partes no mercado produtivo, e por aí vai. Este é outro assunto que um dia deve ser olhado de forma correta e não no açodamento das disputas ideológicas. continuar lendo

Em qual das firmas (Monsanto, Syngenta, Basf, Bayer, Dow Agrosciences) vosmecê mantem laço empregatício. Perguntar não ofende. continuar lendo

Sr. Paulo Andrade, para alguns, o texto foi de grande informação. O senhor é um produtor de milho? Acho válido o texto, ainda que seja "cópia" de outro texto, toda informação é bem vinda.

Agora uma curiosidade, já parou para pensar como vem aumentando os casos de câncer desde quando foi aprovado a utilização desenfreada dos transgênicos?

Abraço continuar lendo

O José Roberto da Silva, mais abaixo, no espírito bem característico de quem, sem argumentos científicos, ataca as pessoas, me perguntou se eu defendo os transgênicos porque trabalho para as empresas que os produzem. Pois é, Sr. José Roberto, eu sou físico, igual a você professor há 33 de uma universidade pública e nunca estive na folha de pagamento das grandes empresas citadas. Trabalhei, sim, com o Governo Federal, avaliando transgênicos por seis longos anos, em companhia de grandes cientistas brasileiros, com quem aprendi muito. Ninguém lá recebia um centavo das multinacionais. Você deve ter mais cuidado com suas críticas pessoais. continuar lendo

Apesar de passados longos anos, só agora deparei com sua resposta a minha singela pergunta. Longe de mim pensar que o ataque desfeito é o argumento de seu curriculum como a melhor defesa, passei também ensinando os nubentes às exatas dos quais me afastei para ir morar no interior. Se transgênicos fossem saudáveis a elite econômica certamente consumiria e, bem próximo a ela, vejo que fogem como se fosse a Cruz. Muito ao contrario dos negacionistas que infectam nosso país tenho em alta conta que alguns itens são imprescindíveis, mas dos transgênicos mantenho, dentro de minhas possibilidades e conhecimento, razoável distancia. continuar lendo

Na verdade essa ambição por um lucro maior e mais facil e o poder da empresas que comercializam o milho trangenico tem exercido sobre autoridades que deveriam está nos protegendo não estão nem aí para oque pode acontecer com quem consome estes produtos, não estão preocupados de quanto de milho é colocado na mistura quem sabe não seja 100%. A desonestidade está em tudo enquanto é lugar. continuar lendo

Não é 100%, é o que estabelece a lei, e esta coisa e fiscalizada. Agora, se você acha que o MAPA, a ANVISA e os demais órgãos de fiscalização não valem nada, então mude de país. continuar lendo

Paulo Andrade, boa noite você bebe cerveja, mais especificamente, as brasileiras?

Mais uma pergunta Vossa Senhoria tem interesse na causa?

Desde logo possa afirma eu bebo, as brasileiras, há mais de 30 anos, e possa afirmar que nos últimos tempos tenho sentido desconforto, após a ingestão de tais produtos. de Hora em diante vou prestar mais atenção nos recados do meu corpo.

Digo mais num país onde se vende até remédios para tratamento de câncer falsificado, não se pode esperar muito. continuar lendo

Bebo cerveja, mas não me encharco com ela. Nenhuma das marcas brasileiras e faz mal.
quanto ao câncer, é uma doença multifatorial e seu aumento está ligado à mudança de nosso estilo de vida. Está tudo muito bem relatado e estudado pelos especialistas em câncer, e não pelo GeneWatch e outros "especialistas" do gênero. continuar lendo

Apenas uma dica: boicotar as cervejas fabricadas pela Ambev e outras. Adotar as cervejas artesanais (são mais caras, porém, com qualidade e sabor superior). Procurar as cervejas intituladas "puro malte", são ótimas. A cerveja Heineken também é uma boa opção. Stella Artois é boa, mas, aqui no Brasil é produzida pela Ambev, infelizmente. Gostava muito de Skol, mas, depois que provei essas outras cervejas, não as troco mais. continuar lendo

Sua dica é muito boa – procurar cervejas artesanais –, mas fazer boicote contra a AMBEV é exagero. Graças à AMBEV nós temos a oportunidade de comprar a Franziskaner, Goose Island, Hoegaarden, Leffe, dentre outras, que são de sua propriedade. Isso fora a brasileira Serra Malte, as “gringas” Miller, Corona, Budweiser e a própria Stella Artois (que você indica em seu comentário).

Minha dica é ser cabeça aberta em relação às cervejas. Experimentar coisa nova sempre, e repetir às vezes para saber qual é realmente o gosto pessoal!

Abraços! continuar lendo