'Mais Médicos' pode ser adotado em qualquer país e trará benefícios, diz relatório da ONU
Segundo a ONU, programa criado pelo governo brasileiro em 2013 é 'estratégia inovadora que permitiu o intercâmbio de conhecimento entre profissionais locais e estrangeiros, com uma melhoria da assistência à saúde' da população mais pobre.
Um documento da ONU (Organização das Nações Unidas) divulgado recentemente destaca o programa “Mais Médicos” em publicação sobre práticas relevantes para a obtenção de desenvolvimento sustentável. O texto “Good Practices in South-South and Triangular Cooperation for Sustainable Development” ("Boas práticas em cooperação sul-sul e triangular para o desenvolvimento sustentável", em tradução livre) cita a importância de o Brasil reconhecer a saúde como um direito humano, garantido pela Constituição, e indica o programa como benéfico para qualquer país.
“O projeto é replicável e é potencialmente benéfico para qualquer país que decida adotá-lo. O Brasil fez um investimento econômico substancial para a realização do projeto; porém, os benefícios a longo prazo superam esses investimentos”, diz o relatório da ONU.
Outros projetos são mencionados no documento, como o fundo chileno para combater a fome e a pobreza; o ClickMedix, um programa do MIT (Massachusetts Institute of Technology) que leva assistência à saúde através de smartphones e um programa da Tailândia de colaboração em nutrição com portadores de HIV.
Programa Mais Médicos beneficiou 63 milhões de pessoas em 4.058 municípios brasileiros, diz relatório da ONU - Araquém Alcântara / Livro "Mais Médicos"
"Estratégia inovadora"
O relatório informa que o “Mais Médicos” possibilitou um aumento da disponibilidade de profissionais de saúde no Brasil na atenção básica, somando aproximadamente 18.240 profissionais do País e do Exterior. O programa beneficiou 63 milhões de pessoas em 4.058 municípios. Avaliações independentes demonstraram que houve uma redução de 89% na espera, 33% de aumento de consultas mensais, 32% de aumento de visitas domiciliares de médicos e um aumento de 95% de satisfação com a performance dos profissionais.
“Foi uma estratégia inovadora que permitiu o intercâmbio de conhecimento entre profissionais locais e estrangeiros, com uma melhoria da assistência à saúde.
Cerca de 11.449 médicos cubanos foram destinados a comunidades específicas e o objetivo do Brasil é chegar ao número de 2.7 médicos para cada 1.000 pessoas em 2026", informa o relatório da ONU.
A maioria dos médicos do programa alocados nos 20% municípios mais pobres são cubanos. O mesmo é verdade para aqueles trabalhando com saúde indígena, com 99% dos médicos vindos de Cuba. “A formação dos médicos cubanos é semelhante àquela dos hospitais públicos brasileiros e há uma excelente oportunidade para o intercâmbio de conhecimento”, avalia o artigo.
Investimentos
A migração temporária dos médicos estrangeiros para oferecer assistência imediata às comunidades carentes, segundo o texto, permitiu ao governo brasileiro expandir rapidamente o seu acesso à saúde universal. “O processo também permite que se iniciem profundas transformações na educação médica, tendo em conta o período de latência necessária para a boa formação desses profissionais”, escreveram os autores.
O governo está investindo R$ 5,6 milhões em infraestrutura de saúde, especificamente nas unidades básicas de cuidados de saúde, e para evitar a saída do país de profissionais bem formados e especializados (a chamada fuga de cérebros). Também existe o objetivo de estabelecer 11.500 novos centros de saúde em 2017 e novas posições de residência para especialização na atenção primária.
“O país vai se beneficiar dos esforços do programa, com a continuação da tendência de diminuir a mortalidade infantil e contribuir para o acesso universal à saúde”, afirma o relatório.
Publicado originalmente na Revista Brasileiros
3 Comentários
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Para Cuba trará muitos benefícios pois fica com a parte do leão e deixa apenas os trocos para os que realmente trabalham.
Coisas da esquerda radical e dissimulada... continuar lendo
Esse programa é absurdo. Se realmente faltam médicos no Brasil, basta promover a oferta de vagas em outros países e não formalizar um tratado com uma ditadura que terceiriza mão de obra. continuar lendo
A ILO (OIT) chama de 'Internacionalizacão de emprego precário' essa modalidade de exportacão de médicos pelo governo cubano.
http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_dialogue/---actrav/documents/publication/wcms_216282.pdf
"The internationalization of precarious employment can also be seen from the perspective of the person who provides services in another country, and here the figure of the migrant comes naturally to mind. These days, at least three situations can be distinguished that deserve to be studied in depth.
"And the third consists in working abroad within the framework of a cooperation agreement between two or more countries or with an international body. This third hypothesis could, for example, apply to the services provided by Cuban workers on mission in various countries." continuar lendo